Autor; Roberto Kasuo - http://www.arautos.org
Cravos, lança, coroa de espinhos....
Onde se encontram essas preciosas lembranças da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo? Façamos, uma devota "peregrinação" à Cidade Eterna.
Todas as relíquias de Jesus Cristo, mesmo o mais simples objectos, impressionam e comovem a alma cristã, infundem profundo respeito e, ao mesmo tempo causam intensa atração. A sede de divino, inerente a todo homem, sente-se em algo atendida, ao contemplar uma delas.
Dessas inapreciáveis relíquias, o Santo Sudário de Turim é talvez a mais conhecida, em razão das reiteradas tentativas de negar sua autenticidade, todas, aliás frustradas por rigorosos testes científicos. Tudo isso foi noticiado pela grande imprensa, já de conhecimento público. As provas científicas tem, é claro, seu valor. Mas o homem de coração recto, ao olhar para o Santo Sudário, encontra uma prova incalculavelmente mais valiosa de sua autenticidade. Qual pintor seria capaz de imaginar, de "criar" aquela fisionomia? Tanta grandeza e serenidade naquele rosto, tanto perdão e tanta censura naqueles olhos fechados, não é dado a homem algum inventar. Olha-se e crê-se! É a face de Jesus!
Escada SantaEntretanto, muito menos conhecidas são as preciosas relíquias do Divino Mestre que um peregrino pode encontrar em Roma. Nesse sentido, é a Cidade Eterna um verdadeiro escrínio.A pequena distância da magnífica Basílica de São João de Latrão, poderá o fiel devotamente subir de joelhos os degraus da Escada Santa, levada de Jerusalém para Roma, Trata-se da escada do Palácio de Pôncio Pilatos, pela qual subiu Jesus quando foi apresentado à turba ululante depois da Flagelação. - o "Ecce Homo". Inclusive, estão assinalados três pontos onde se vê a marca do divino sangue sobre o mármore branco dos degraus, agora revestidos de madeira.Como não se comover imaginando o Homem-Deus, todo chagada, subindo por ela? Ao longo dos séculos, continuamente, gerações e gerações de enlevados fiéis tem subido de joelhos esses 28 degraus, pedindo perdão por seus próprios pecados, ou oferecendo um ato de reparação ao Divino Redentor.
Igreja da "Santa Cruz de Jerusalém"Saindo da Scala Santa, pode o peregrino dirigir-se a uma igreja próxima, a da Santa Cruz de Jerusalém, mandada construir em Roma pela mãe do Imperador Constantino, Santa Helena, para abrigar as relíquias da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, trazidas por ela da Terra Santa.
Em uma pequena capela, nos fundos da igreja, estão expostas essas preciosas relíquias. São elas:
"Igreja Santa Cruz de Jerusalém"
Uma parte da Santa CruzDirigiu-se Santa Helena à Terra Santa com o piedoso intuito de encontrar a Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi informada de que provavelmente ela estaria no local do Santo Sepulcro, pois os romanos costumavam enterrar junto ao corpo do condenado os instrumentos utilizados no suplício.
Para impedir a devoção dos primeiros cristãos, o Santo Sepulcro fora coberto de entulho, sendo construído ao lado um templo para Vênus, e uma está tua para Júpiter!
Por ordem de Santa Helena, esse templo foi destruído e a estátua feita em pedaços. Em seguida, iniciaram-se as escavações. No dia 3 de maio de 326, foram encontradas no local três cruzes. Tudo indicava serem a de Nosso Redentor e as dos dois ladrões. Como, porém, saber qual a de Jesus?
Nessa perplexidade, ocorreu uma solução ao Bispo Macário: mandou tocar uma delas numa mulher muito doente, certo de que a Providência se manifestaria para revelar qual a verdadeira Santa Cruz. Ao contato com a primeira e a segunda, nada ocorreu. Quando, porém, lhe foi tocada a terceira, a mulher imediatamente recobrou por completo a saúde. Não havia mais dúvida.
Jubilosa, a Imperatriz fez erigir no local a grandiosa Basílica da Santa Cruz, também chamada Igreja do Santo Sepulcro ou da Ressurreição, onde ficou guardada a principal parte da Cruz.
Outra parte foi enviada para Constantinopla, onde Constantino a recebeu com grande devoção. Tomado de respeito por essa relíquia, o monarca proibiu desde então o suplício da crucifixão em todo o Império Romano.
A mãe do Imperador levou para Roma o restante. Um importante fragmento é venerado até hoje na mencionada "Igreja da Santa Cruz de Jerusalém", outro na Basílica de São Pedro.
Relíquias da Paixão que se conservam na"Igreja da Santa Cruz de Jerusalém"Nela , em valiosíssimo relicário conservam-se um fragmento da coluna da flagelação, um dos cravos, o dedo de S. Tomé, uma parte da Sta. Cruz, um espinho da coroa, a tabuleta INRJ Foram encontrados no mesmo local os cravos usados para pregar na Cruz o Divino Redentor. O Imperador Constantino incrustou um desses cravos em rico diadema de pérolas, usado por ele em ocasiões solenes. Em 550, os outros foram levados para Roma, pelo futuro Papa São Gregório Magno. Um deles é venerado no escrínio da "Igreja da Santa Cruz de Jerusalém".
A tabuleta INRJNesse mesmo escrínio o peregrino poderá contemplar também a tabuleta com a inscrição "Jesus Nazareno Rei dos Judeus" - em hebraico, grego e latim - mandada fixar por Pilatos na Cruz do Salvador.
Um Espinho da CoroaAo contrário do que se julga, comumente, a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor não tinha a forma de um diadema, mas a de um barrete, com 21 cm de diâmetro, cobrindo-Lhe toda a cabeça. É feita de ramos de longos espinhos trançados. Depois de colocá-la na adorável fronte de Jesus, os algozes golpearam-na de modo a provocar grandes ferimentos, como pode ser atestado pelas manchas de sangue no Santo Sudário.
A Coroa permaneceu na Basílica do Monte Sião, em Jerusalém, até 1053, quando foi levada para Constantinopla. Em 1238, o Imperador Balduíno II entregou-a - juntamente com a ponta da lança de Longinus - como penhor de empréstimo contraído com bancos de Veneza. De comum acordo com esse Imperador, São Luís IX, Rei de França, resgatou a referida dívida e recebeu em seu país as duas preciosas relíquias, com todas as demonstrações de veneração. O próprio rei, a rainha-mãe, inúmeros prelados e príncipes foram encontrá-los perto da cidade de Sens. São Luís e seu irmão, Roberto d'Artois, descalços, as levaram até a Catedral de Santo Estevão, nessa cidade.
Desejoso de acolher em lugar digno tão inestimáveis relíquias, o Rei santo fez construir em Paris uma verdadeira jóia da arquitectura gótica: a Sainte Chapelle (Capela Santa), uma maravilhosa igreja de vitrais, que extasia todos quantos tem a ventura de conhecê-la.
Actualmente, a Coroa de Espinhos está nos Tesouros da Catedral de Notre Dame de Paris.Em Roma encontra-se apenas um desses espinhos. A Coluna da FlagelaçãoDo portal de Santa Maria Maior, já se avista a Igreja de Santa Praxedes. Singela na aparência, o que conterá ela?
Por um corredor se chega a uma pequena capela, Aí, em uma coluna bem iluminada, está exposta a Coluna da Flagelação. É impressionante1 Sua simplicidade é eloqüente. Sem ornato algum, comove profundamente.
Tem apenas 50 cm de altura, 32 cm de largura na base e 20 cm no topo, onde há uma argola de ferro na qual eram atados os supliciados. É feita de mármore branco com grossos grãos pretos.
No Santo Sudário de Turim, contam-se as marcas de mais de cem golpes de flagelo recebidos por Nosso Senhor.
A Coluna da Flagelação foi levada para Roma em 1213, no tempo do Papa Inocêncio III.
Coluna da Flagelação
A haste da Santa LançaDescoberta no Santo Sepulcro, a Lança com a qual o centurião Longinus perfurou o lado do Senhor dói levada de Jerusalém para Antioquia. Na iminência da invasão moura, mãos piedosas a enterraram atrás do altar da Igreja de São Pedro. Durante a Primeira Cruzada, em 1907, os cristãos encontravam-se sitiados nessa cidade, em perigosa situação. Então, um mone que teve revelação sobrenatural, indicou o,local onde ela estava enterrada. Sua descoberta despertou o entusiasmo e deu novas energias aos cruzados, que derrotaram em seguida os sarracenos.
Já vimos, acima, como a ponta da Sagrada Lança foi levada para Paris e depositada, junto com a Coroa de Espinhos, na Sainte Chapelle. Durante a Revolução Francesa, infelizmente essa preciosa relíquia desapareceu.
A haste permaneceu em Constantinopla, mesmo depois da tomada da cidade pelos turcos. E em 1492, o sultão Bajazet enviou-a ao Papa Inocêncio VIII, esclarecendo que a ponta se encontrava em poder do rei da França.
Atualmente essa haste é venerada na Basílica de São Pedro, ao lado de uma estátua de São Longinus, o centurião mártir.
A benfazeja proximidade do sobrenaturalA impressão da proximidade do sobrenatural, do amor de um Deus que se encarnou e sofreu o inimaginável para nos salvar, pervade e perfuma a alma do fiel que, contrito, contempla uma a uma as relíquias de nosso Divino Redentor.Terminada essa "peregrinação" pelas relíquias de Jesus, nos resta na alma uma valiosa conclusão.Por vezes, assalta-nos a sensação de que Deus está distante, pouco acessível a nossos pedidos ou orações. Nada de mais falso e pernicioso para a vida espiritual! Deus está próximo de nós e ouve as nossas súplicas como se fossem as de um filho único, extremamente amado.
(Revista Arautos do Evangelho, Março/2004, n. 27, p. 34 à 37)
Procurando um templo à altura das relíquias da Santa Cruz, Santa Helena cedeu o seu próprio palácio para ser transformado em Basílica.
Autor; Victor Hugo Toniolo - http://www.colegioarautos.org.br
Se penetrássemos nas brumas da História e retornássemos ao longínquo ano de 270, encontraríamos numa hospedaria de Drepanum, na Bitínia, uma graciosa menina. Cheia de encanto e pudor, era o maior tesouro de seus pais.
De tal modo suas virtudes resplandeciam, que o Imperador romano Constâncio Cloro, ao ver seu semblante, decidiu tomá-la por esposa. Desse modo, a jovem Helena tornouse imperatriz e deu à luz um filho, a quem chamou Constantino.
Na corte, conheceu a religião cristã e converteu-se. Seu Baptismo contrariou muitíssimo o imperador, que a repudiou como esposa. Assim, Helena passou, de repente, de uma situação brilhante para uma existência envolta em sombras. Restava-lhe apenas o consolo do amor que seu filho por ela nutria.
Após alguns anos, porém, Constantino sucedeu a seu pai Constâncio no trono imperial. Encantado, como sempre, pelas virtudes de sua mãe, chamou-a imediatamente à corte, concedeu-lhe o título de Augusta e deu-lhe um suntuoso palácio, em Roma, o
Sessorianum.Como boa mãe, Santa Helena quis aproximar o filho da fé católica. Mas ele relutava, tomado por outras preocupações. Contudo, Deus nunca deixa de ouvir as orações de uma mãe e, com o milagre de Ponte Milvio, Constantino abriu-se para a fé.
Após a proclamação do Edito de Milão - o qual, naturalmente, contou com o concurso de Santa Helena - ela obteve de seu filho uma ordem para a destruição dos templos pagãos que Adriano, muito tempo antes, havia mandado erigir sobre o Calvário e sobre o Santo Sepulcro, a fim de sufocar o culto cristão.
Seu coração, porém, queria mais. Helena não podia suportar o abandono dos Lugares Santos. Assim, tomada de santa coragem, empreendeu uma longa e perigosa viagem, com o intuito de resgatar a memória e as relíquias da Paixão de Cristo.
Santa Helena encontra a verdadeira Cruz"Dirigindo-se ao Gólgota, os soldados que a acompanhavam viram aquela velha mulher, aquela velha mãe, caminhar entre os escombros, ajoelharse entre as ruínas, e dizer: ‘Eis o lugar da batalha: onde está a vitória? Eu estou sobre um trono, e a Cruz do Senhor no pó? Eu estou em meio ao ouro, e o triunfo de Cristo entre as ruínas? Vejo o que fizestes, demônio, para que fosse sepultada a espada que te derrotou'!"
Com estas palavras Santo Ambrósio relata a chegada de Santa Helena ao Calvário. Tal fé não poderia deixar de ser recompensada. Com efeito, guiada pela luz do Espírito Santo, a imperatriz encontrou a verdadeira Cruz do Salvador, bem como as outras relíquias da Paixão.
Conforme narra a tradição, ela ordenou que o Santo Lenho fosse dividido em três partes: deixou uma em Jerusalém, mandou outra para o filho em Constantinopla, e levou consigo a terceira para Roma, com diversas outras relíquias.
A Basílica SessorianaChegando à Cidade Eterna, era necessário edificar um templo que estivesse à altura de custodiar tão santas e excelsas maravilhas. Santa Helena não titubeou, e cedeu para essa finalidade o seu próprio palácio - o Sessorianum - o qual tinha sido, em época anterior, residência dos imperadores.
Coordenando pessoalmente os trabalhos, fez com que a sala mais nobre do palácio fosse transformada numa basílica. Com santa generosidade, cedeu os seus próprios aposentos para serem transformados em capela, em cujo pavimento verteu a terra que havia trazido do Calvário, e onde depositou a relíquia da Cruz.
Tendo-se iniciado grande afluxo de peregrinos, o lugar começou a ser conhecido como Basílica Sanctae Crucis in Hierusalem (Basílica da Santa Cruz de Jerusalém), nome dado pelo fato de ali estar a relíquia da Cruz, bem como a terra do Calvário.Os romanos, porém, insistiam em chamá-la "Basílica Sessoriana". Até hoje permanecem as duas denominações.Ritos e documentos confirmam a tradiçãoA Capela das Relíquias, com o passar do tempo, passou a ser chamada "Capela de Santa Helena", pois ali tinham sido seus aposentos.
Existem vários documentos que comprovam a descoberta, transladação, conservação e veneração da relíquia da Santa Cruz. E cada fragmento dela retirado ao longo dos séculos foi devidamente registrado.
Também os diversos ritos de Adoração do Santo Lenho o atestam. Nos tempos antigos, o ritual pontifício estabelecia que as cerimônias da Sexta-Feira Santa se celebrassem na Basílica in Hierusalem. Para ela se dirigia em procissão o Papa , descalço, desde a Basílica de São João de Latrão, acompanhado pelo clero e pelo povo, para adorar o Lenho da verdadeira Cruz. Também no dia 14 de setembro, Festa da Exaltação da Santa Cruz, ali se realizavam - e ainda se realizam - especiais ritos.
A Basílica Sessoriana na actualidadeAo longo de seus 16 séculos de vida, a Basílica sofreu diversas transformações, tornando difícil hoje em dia imaginar como seria a estrutura da Domus Sessoriana. As próprias relíquias, por diversos motivos, foram transladadas para uma nova capela - o Santuário da Cruz - construída no recinto da sacristia.
Com o tempo, outras relíquias foram levadas para a Basílica Sessoriana: o Título da Cruz (tabuleta com uma parte da inscrição "Jesus Nazareno Rei dos Judeus"), um cravo, dois espinhos da coroa, o patíbulo do Bom Ladrão, um dedo de São Tomé, bem como fragmentos da Gruta de Belém e da Coluna da Flagelação.
Por tudo isso, quando o Papa João Paulo II a visitou, em 25 de Março de 1979, exclamou: "Este é o verdadeiro Santuário da Cruz de Cristo!"
(Revista Arautos do Evangelho, Set/2006, n. 57, p. 24-25)
Festa de Santa Helena 18 de Agosto